Discurso de Metafísica

O Discurso da Metafísica é o primeiro texto-chave que transmite a filosofia geral de Leibniz

Título: Discurso de Metafísica
Autor: Leibniz
Editora: ‎ Editora Vozes; 1ª edição (1º maio 2024)
104 páginas
ISBN-10: ‎ 8532667929
ISBN-13‏: ‎ 978-8532667922

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A leitura e compreensão do Discurso da Metafísica é um passo fundamental e necessário para a compreensão da própria filosofia de Leibniz.

O Discurso de Metafísica é o primeiro texto que apresenta a filosofia pela qual Leibniz se tornou famoso.

Pode ser dividido aproximadamente em uma parte teológica (Seções 1 a 7) que diz respeito à perfeição de Deus e à perfeição do universo que ele criou.

A parte mais filosófica do Discurso de Metafísica começa com a Seção 8 , que inicia o argumento de que a substância fundamental da natureza é a alma. Leibniz afirma que a matéria é, em última análise, imaginária. Cada alma contém em sua essência tudo o que lhe ocorre no passado, presente e futuro, bem como suas relações com tudo o mais na realidade. Somente Deus pode ver toda a extensão de cada alma. Cada alma contém o seu próprio mundo e, portanto, é o seu próprio mundo.

Esses “pequenos mundos” não interagem entre si, mas Deus garante que todos estejam em harmonia. Existem “almas simples”, como as dos insetos e das plantas, e existem “almas inteligentes”, ou mentes, como as dos humanos. Um problema consequente deste “idealismo” (que o mundo que as pessoas percebem é composto de “ideias” e não de “matéria”) é que o futuro nos parece fadado.

A partir da seção 30 o texto retorna ao tema da teologia. Se Deus conhece antecipadamente o futuro de cada pessoa, então parece que as pessoas não podem ser livres para tomar as suas próprias decisões. Destino e liberdade não parecem ser consistentes.

A liberdade é especialmente importante para Leibniz abordar devido à sua crença no fatalismo. Leibniz argumenta que cada substância da alma contém, como parte de sua própria essência, o conhecimento (conhecido apenas por Deus) de tudo o que acontecerá a essa alma.

Isto parece criar o problema da liberdade: como pode uma pessoa ser livre para decidir as suas ações se elas já estão gravadas na pedra (ou na alma), por assim dizer? Leibniz argumenta que o destino e a liberdade são compatíveis porque Deus prevê as ações de uma pessoa sem necessitar delas.

Em outras palavras, embora o futuro preexista, esse futuro contém as decisões livres de uma pessoa.

O leitor pode ilustrar o argumento de Leibniz utilizando uma analogia moderna. Uma pessoa pode assistir a um vídeo daquilo que outra pessoa fez durante o dia. Embora o vídeo seja imutável, a liberdade da pessoa no vídeo não é afetada por quem o assiste. Da mesma forma, Deus pode observar o futuro de uma pessoa sem afetar a sua liberdade. Deus sabe o que uma pessoa fará livremente no futuro. Esta é a solução de Leibniz para o seu problema tanto do destino como da liberdade.

Leibniz retorna nas seções finais a uma solução proposta na Seção 13 do Discurso de Metafísica: as pessoas são livres para decidir sobre ações, mesmo que Deus saiba o que elas decidirão.

Deus sabia que Judas trairia Jesus, mas decidiu criar Judas com esse conhecimento em mente porque, em última análise, todos os males são males necessários na consideração mais ampla do melhor mundo possível.

Leibniz termina o Discurso de Metafísica com uma breve discussão sobre como esse melhor mundo possível se relaciona com a imortalidade das almas e a vida após a morte.

Então, esse mundo é a melhor entre todas as alternativas possíveis. À primeira vista, isto parece contraintuitivo devido ao mal (o sofrimento e a maldade) que ocorre constantemente no mundo. Certamente, pode-se imaginar um mundo possível, livre do mal e da desordem. Mas Leibniz argumenta contra isto sugerindo que nenhum mundo alternativo possível pode ser melhor do que aquele que realmente existe.

Na seção 7 do Discurso de Metafísica Leibniz afirma:

“Devemos dizer que Deus permite o mal, e não que ele o desejou.”

Se Deus é todo bom e todo poderoso, então por que Ele permite o mal no mundo? A resposta de Leibniz é que Deus permite isso porque, a longo prazo, é uma condição necessária para que o bem maior aconteça. Deus não deseja o mal, apenas o bem, portanto permite males menores para alcançar o bem maior.

Substância da Alma no Discurso de Metafísica

Para Leibniz, o que está por trás da natureza não é matéria sólida e extensa, mas alma imaterial.

A matéria é a projeção imaginária da alma de uma pessoa. Cada alma contém em sua essência todo o seu mundo (passado, presente e futuro) e sua relação com a natureza. Além disso, cada alma é seu próprio “pequeno mundo” isolado, embora Deus garanta que todos eles coexistam em harmonia. Cada pessoa cria e existe como seu próprio universo. Existem almas simples, como as dos insetos, e almas inteligentes, como as dos humanos.

O que está por trás de tudo? Esta era uma questão básica e continua a ser uma questão pertinente hoje. Na filosofia, existem três respostas principais a esta questão:

  • A primeira é o materialismo: que a matéria é substância;
  • A segunda é o idealismo: que a mente é substância;
  • A terceira é o dualismo: que tanto a matéria como a mente são substâncias.

Leibniz argumenta que a substância deve ser indivisível, pois é fundamental. A matéria pode ser dividida, mas a alma não. Portanto, somente uma alma pode ser substância.

As questões filosóficas fundamentais que Leibniz procura resolver são questões nos campos da filosofia, teologia, lógica e física. Estas questões incluem, dentre outras:

  • a natureza da “substância” (aquilo que fundamenta toda a existência);
  • a possibilidade do livre-arbítrio (escolha consciente) num universo fatídico com suas leis da natureza;
  • a relação entre mente e matéria; a possibilidade e a natureza de uma vida após a morte;
  • o problema do mal em relação a um Deus todo-bondade todo-poderoso;
  • e como justificar princípios lógicos fundamentais.

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