Sumário do Discurso de Metafísica (1686) – G. W. Leibniz – Fonte: G IV, 427-463
1. Da perfeição divina e de que Deus tudo faz do modo mais desejável.
2. Contra aqueles que sustentam que não há bondade nas obras de Deus; ou, melhor, que as regras da bondade e da beleza são arbitrárias.
3. Contra aqueles que crêem que Deus poderia ter feito melhor.
4. O amor de Deus exige nossa completa satisfação e aquiescência a respeito daquilo que Ele fez, sem que por isso seja preciso ser quietista.
5. Em que consistem as regras de perfeição da conduta divina e como a simplicidade das vias está em equilíbrio com a riqueza dos efeitos.
6. Deus nada faz fora de ordem e nem mesmo é possível imaginar acontecimentos que não sejam regulares.
7. Que os milagres estão em conformidade com a ordem geral, embora contrários às máximas subalternas, e acerca daquilo que Deus quer ou permite por uma vontade geral ou particular.
8. Para distinguir as ações de Deus daquelas das criaturas, explica-se em que consiste a noção de uma substância individual.
9. Como cada substância singular expressa todo o universo à sua maneira; e como em sua noção estão compreendidos todos os seus acontecimentos, com todas as suas circunstâncias e toda a seqüência das coisas exteriores.
10. Como a opinião das formas substanciais tem algum fundamento, mas como estas formas não alteram em nada os fenômenos e não devem de modo algum ser empregadas para explicar efeitos particulares.
11. Como as meditações dos teólogos e filósofos denominados escolásticos não são inteiramente de desprezar.
12. Que as noções que consistem na extensão contêm algo de imaginário e não poderiam constituir a substância dos corpos.
13. Como a noção individual de cada pessoa encerra de uma vez por todas o que alguma vez lhe acontecerá, vêem-se nela as provas a priori da verdade de cada acontecimento ou a razão de ter ocorrido um de preferência a outro. Mas estas verdades, embora garantidas, todavia, não deixam de ser contingentes, fundamentando-se no livre-arbítrio de Deus ou das criaturas, cuja escolha tem sempre suas razões, que inclinam sem necessitar.
14. Deus produz várias substâncias de acordo com diferentes perspectivas que tem do universo e, através da intervenção divina, a natureza própria de cada substância implica que aquilo que acontece a uma corresponda àquilo que acontece a todas as outras, sem que ajam imediatamente umas sobre as outras.
15. A ação de uma substância finita sobre outra consiste unicamente no aumento do grau de sua expressão junto à diminuição do da outra, na medida em que Deus as obriga a acomodarem-se mutuamente.
16. O concurso extraordinário de Deus está compreendido naquilo que a nossa essência exprime, pois esta expressão se estende a tudo, mas ultrapassa as forças da nossa natureza ou da nossa expressão distinta, que é finita e segue certas máximas subalternas.
17. Exemplo de uma máxima subalterna ou lei da natureza onde se demonstra, contra os cartesianos e vários outros, que Deus sempre conserva a mesma força, mas não a mesma quantidade de movimento.
18. A distinção entre a força e a quantidade de movimento é importante, entre outras razões, para julgar que é preciso recorrer a considerações metafísicas independentes da extensão, a fim de explicar os fenômenos dos corpos.
19. Utilidade das causas finais na física.
20. Passagem notável de Sócrates, em Platão, contra os filósofos excessivamente materialistas.
21. Se as regras mecânicas dependessem exclusivamente da geometria sem a metafísica, os fenômenos seriam totalmente diferentes.
22. Conciliação das duas vias, pelas causas finais e pelas causas eficientes, a fim de satisfazer tanto aqueles que explicam a natureza mecanicamente como aqueles que recorrem às naturezas incorpóreas.
23. Para voltar às substâncias imateriais, explica-se como Deus age sobre o entendimento dos espíritos e se se tem sempre a idéia daquilo em que se pensa.
24. O que é um conhecimento claro ou obscuro; distinto ou confuso; adequado e intuitivo ou supositivo; definição nominal, real, causal, essencial.
25. Em que caso o nosso conhecimento se liga à contemplação da idéia.
26. Temos todas as idéias em nós; e acerca da reminiscência de Platão.
27. Como pode a nossa alma ser comparada a tabuinhas vazias e como as nossas noções vêm dos sentidos.
28. Só Deus é o objeto imediato das nossas percepções, que existe fora de nós, e só Ele é a nossa luz.
29. Todavia, pensamos imediatamente por intermédio das nossas próprias idéias e não pelas de Deus.
30. Como Deus inclina a nossa alma sem a necessitar; como não temos o direito de nos queixarmos; como não é preciso perguntar por que Judas peca, mas apenas por que Judas, o pecador, é admitido à existência de preferência a algumas pessoas possíveis. Sobre a imperfeição original antes do pecado e sobre os graus da graça.
31. Sobre os motivos da eleição, da fé prevista, da ciência média, do decreto absoluto e de que tudo se reduz à razão por que Deus escolheu para a existência uma tal pessoa possível, cuja noção encerra uma tal seqüência de graças e ações livres; o que põe fim a todas as dificuldades de uma vez por todas.
32. Utilidade destes princípios em matéria de piedade e de religião.
33. Explicação da união da alma e do corpo, uma questão tida por inexplicável ou miraculosa, e da origem das percepções confusas.
34. Sobre a diferença entre os espíritos e as outras substâncias, almas ou formas substanciais, e de que a imortalidade que se procura implica recordação.
35. Excelência dos espíritos e que Deus os considera de preferência às outras criaturas. Como os espíritos exprimem Deus melhor do que o mundo, mas as outras substâncias exprimem melhor o mundo do que Deus.
36. Deus é o monarca da mais perfeita república composta por todos os espíritos, e a felicidade desta cidade de Deus é seu principal desígnio.
37. Jesus Cristo revelou aos homens o mistério e as leis admiráveis do reino dos céus e a grandeza da suprema felicidade que Deus reserva para aqueles que o amam.